CAMINHARAM COM OS MEUS SAPATOS
Marcam-se os passos nas sendas da vida,
Ao som dum ritmo acelerado.
Passam cabisbaixos calados, numa monotonia
Intransigente situada no tempo...
.
A cadência de olhares disfarça a nostalgia
Assimetria anónima num mundo largado.
Amarram-se as cordas dos pensamentos.
Atrofiam-se ao lado dos sentimentos.
Reconhecem-se assim os algozes embelezados
Sabendo apenas enriquecer a matéria.
Tisnando segundos num relógio tão antigo.
Mas quem diz que a ignorância não tem prestigio?
Por entre passos e tropeços
Levantam-se as silenciosas sensações
Não falam, não gritam, mas sentem....
O mundo deles é uma realidade crescente.
Ser ignorante só por ser, é melhor que tudo saber...
Passam agindo estes algozes da liberdade
Em dores angustias, duvidas, tristezas e outras impressões
Mas mais forte que o sentir é a certeza do Sol Nascente
Esperança permanente de todo aquele que vive e sente.
E na pobreza das contradições
O tempo é a brisa da razão.
Nem chuva, nem vento, nem qualquer tempestade
Apagam a Esperança e a Liberdade.
Utilia Ferrão